Ele foi feito em dupla, por isso não é de autoria exclusivamente minha, fiz com Carolina de Oliveira Giarola. Ela afirmou (estou postando-o com autorização dela, é claro) que o texto é todo meu, que apenas a ideia original é dela. Coloco isso aqui, apesar de discordar e afirmar que exercemos funções iguais e que devemos receber crédito igualmente. Acho que ficou bom e vale a pena publicá-lo, então está aqui, escrito em 12 de Abril deste ano (uma das versões dele, acho que essa já teve alterações).
TARDE DEMAIS
Por que não subir de escada? Algumas dezenas de andares não podem me cansar tanto, certo? Errado!
Estou exausto. Tudo o que penso é em subir. O cansaço? É só mais uma penitência que mereço.
O conteúdo de meus bolsos parece pesar várias toneladas, embora na verdade seja bem leve: um pedaço de papel, caneta, minha carteira de identidade e o celular, as chaves de casa.
Chego ao telhado. Caminho em direção à beirada e me sento com as pernas para fora, balançando-as no ar, para fora da "segurança" do prédio. Dezenas de metros me separam do chão lá embaixo, longe, tentador, aparentando me desafiar.
Sem o menor medo de cair, reflito sobre minha vida.
Lembro-me do dia em que vi, pela primeira vez, os olhos de minha amada mulher. De todos os bons momentos com ela. Nosso casamento, o dia em que soubemos que ela estava grávida, os aniversários de nosso filho... não posso deixar de lembrar que ela só não continua viva, comigo, conosco, por minha culpa. Minha e somente minha. Beber, dirigir...
Respiro fundo. Recordo-me de meu filho, que me culpou tanto, me condenou absurdamente. Filho meu que foi morar com a avó e passou a me ignorar. Tudo o que fiz na minha vida foi ruim. É reconfortante pensar que apenas um passo pode ser o bastante para que eu não faça mal a mais ninguém, nunca mais. Posso acabar com todas as minhas aflições com tanta facilidade.
Escrevo o bilhete. Acabo e vejo meu celular vibrando em meu bolso. É uma mensagem do meu filho. Não a leio: posso adivinhar do que se trata. Da decepção dele para comigo que nunca passou e, provavelmente, nunca irá passar.
Fico de pé calmamente, pego um impulso. Pulo.
Nos poucos segundos em que estou caindo, penso se deveria ter lido a mensagem. Então nada mais penso.
As sirenes de polícia soaram alto. O policial encarregado do caso examina os bolsos da vítima, encontra o bilhete que esclarece todo o suicídio e lê a mensagem não aberta no celular.
"Pai,
me desculpe. Por tudo.
Não devia ter te julgado como fiz. Quero te encontrar.
Saudades, seu filho."
Tarde demais.
O conteúdo de meus bolsos parece pesar várias toneladas, embora na verdade seja bem leve: um pedaço de papel, caneta, minha carteira de identidade e o celular, as chaves de casa.
Chego ao telhado. Caminho em direção à beirada e me sento com as pernas para fora, balançando-as no ar, para fora da "segurança" do prédio. Dezenas de metros me separam do chão lá embaixo, longe, tentador, aparentando me desafiar.
Sem o menor medo de cair, reflito sobre minha vida.
Lembro-me do dia em que vi, pela primeira vez, os olhos de minha amada mulher. De todos os bons momentos com ela. Nosso casamento, o dia em que soubemos que ela estava grávida, os aniversários de nosso filho... não posso deixar de lembrar que ela só não continua viva, comigo, conosco, por minha culpa. Minha e somente minha. Beber, dirigir...
Respiro fundo. Recordo-me de meu filho, que me culpou tanto, me condenou absurdamente. Filho meu que foi morar com a avó e passou a me ignorar. Tudo o que fiz na minha vida foi ruim. É reconfortante pensar que apenas um passo pode ser o bastante para que eu não faça mal a mais ninguém, nunca mais. Posso acabar com todas as minhas aflições com tanta facilidade.
Escrevo o bilhete. Acabo e vejo meu celular vibrando em meu bolso. É uma mensagem do meu filho. Não a leio: posso adivinhar do que se trata. Da decepção dele para comigo que nunca passou e, provavelmente, nunca irá passar.
Fico de pé calmamente, pego um impulso. Pulo.
Nos poucos segundos em que estou caindo, penso se deveria ter lido a mensagem. Então nada mais penso.
As sirenes de polícia soaram alto. O policial encarregado do caso examina os bolsos da vítima, encontra o bilhete que esclarece todo o suicídio e lê a mensagem não aberta no celular.
"Pai,
me desculpe. Por tudo.
Não devia ter te julgado como fiz. Quero te encontrar.
Saudades, seu filho."
Tarde demais.
Então, este é meio "pesado". Não me lembro exatamente se o conto precisava ter um personagem que morresse, mas os que eu li de outros colegas também morreram, então... Não foi tanta viajação minha. O que acham desta técnica?? De narrar algo que poderia ser resumido em duas frases dessa maneira? Acho que fica bem legal... Comentem aí!!!
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